A professora que foi presa por usar calças
Helen Hulick não era uma ativista profissional. Ela era uma professora de jardim de infância, jovem, determinada e com uma convicção inabalável. Tinha 29 anos quando, em 1938, foi intimada a testemunhar em um tribunal de Los Angeles contra dois ladrões.
Apareceu com o que era natural para ela: um par de calças.
Mas o juiz Arthur S. Guerin não viu assim. Interrompeu-a e adiou a audiência. Não pelo caso. Não por causa de uma questão técnica legal. Fê-lo porque, segundo ele, Helen não vestia “de forma adequada”.
Cinco dias depois, Helen voltou a apresentar-se. Com calças, mais uma vez. Desta vez não para testemunhar, mas para defender algo muito maior: a sua dignidade. O juiz ficou indignado. Ele disse que suas roupas distraiam todos, até os presos. Ordenou que lhe fosse aplicado um castigo por desobediência ao tribunal.
Helen foi mandada para a prisão por cinco dias. Não por um crime, mas por se atrever a vestir como queria.
Da sua cela, ele não recuou. Declarou publicamente que não usaria um vestido só para agradar um juiz. Seu caso chegou ao Supremo Tribunal da Califórnia, que finalmente revogou a decisão. Helen tinha vencido.
Graças a ela, as mulheres tiveram o direito de usar calças em tribunal americano.
O que começou como uma simples decisão pessoal tornou-se um ato de resistência. Helen Hulick não defendeu apenas suas calças: defendeu a liberdade de cada mulher ser e vestir-se como escolher.