Protestos e estouro de tempo marcam primeira noite de desfiles no Rio
Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade Independente abriram os desfiles na Marquês de Sapucaí.
O primeiro dia do Grupo Especial do Rio foi marcado por protestos nos desfiles e por problemas da Grande Rio, que estourou o tempo após ter um carro quebrado e perderá 0,5 ponto pelo atraso.
A Paraíso de Tuiuti
recontou a história da escravidão no Brasil e fez críticas à reforma
trabalhista aprovada recentemente.
O destaque ficou no
último carro da escola, que levou um vampiro com
uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.
A Mangueira
condenou o corte de verbas da Prefeitura do Rio, que neste ano repassou menos
dinheiro às escolas de samba, com críticas
diretas ao prefeito Marcelo Crivella.
Também desfilaram
neste primeiro dia Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel e Mocidade
Independente de Padre Miguel, que tenta o bicampeonato.
Império Serrano
Após sete anos longe da elite, o Império Serrano retornou
ao Grupo Especial e abriu o carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (11).
Com enredo que homenageou a China, a escola verde e branca
também lembrou Arlindo Cruz, sambista que se recupera de um AVC e é muito
identificado ao Império.
Uma ala com 180 membros, incluindo Maria Rita e Regina
Casé, usou camisas com as frases "Força, Arlindo" e "O show tem
que continuar", além de uma ilustração com o rosto do cantor. A mulher
dele, Babi Cruz, e o filho Arlindinho participaram da homenagem
São Clemente
A São Clemente levou à Sapucaí um desfile sobre os 200 anos
da Escola de Belas Artes (EBA) do Rio, na tentativa de conquistar o título
inédito no Grupo Especial.
Carros e fantasias foram inspirados nas obras de grandes
mestres da arte brasileira que têm ligação com a EBA, a mais importante escola
de artes da América Latina. Algumas fantasias foram pintadas à mão, e alunos da
Belas Artes participaram da produção no barracão da São Clemente. A escola
também colocou o carnaval dentro do carnaval ao levar para a Sapucaí seis alas
inspiradas em desfiles criados por carnavalescos formados na EBA.
A comissão de frente fez uma coreografia elaborada, que
envolvia um telão de LED em uma alegoria móvel. O coreógrafo Kiko Guarabyra foi
contratado em dezembro do ano passado e teve só dois meses para criar a
apresentação e ensaiar os bailarinos.
Vila Isabel
Terceira escola a entrar na Sapucaí no primeiro dia de
desfiles do Grupo Especial do Rio, a Vila Isabel contou as grandes invenções da
humanidade, sob o comando do carnavalesco Paulo Barros.
Com o enredo “Corra que o futuro vem aí", a escola
usou abusou do visual futurista, do brilho e das luzes. Vestidos de Leonardo da
Vinci, integrantes da comissão e frente levaram círculos com projeção 3D à
avenida. A fantasia da porta-bandeira também impressionou, com uma saia de LED
"em chamas”.
Sabrina Sato, rainha de bateria, usou um look dourado e
transparente que representou a "luz da inspiração". Já Martinho da
Vila, presidente de honra da Vila e aniversariante do dia – ele completa 80
anos nesta segunda-feira (12) –, foi destaque no carro abre-alas.
Grande Rio
A Grande Rio fez um desfile saudoso e cheio de irreverência
sobre Chacrinha, mas foi prejudicada porque o último carro quebrou na
concentração, a 500 metros da entrada da Marques de Sapucaí.
A escola viveu momentos de drama, com buracos na avenida, e
não conseguiu terminar o desfile dentro do tempo limite, atravessando o portão
da dispersão após 1 hora e 20 minutos, estourando o tempo em 5 minutos. A
ausência do último carro pode prejudicar as notas de alegoria e enredo, e a
escola vai perder 1 décimo para cada minuto excedente no desfile – totalizando
0,5 ponto.
A atriz Juliana Paes voltou a pisar na avenida no posto de
rainha da bateria da Grande Rio, escola que levou muitos famosos para a
Sapucaí: Thayla Ayala, Monique Alfradique, Gretchen, Rita Cadillac, Wanderléa,
Paloma Bernardi e David Brazil.
Mangueira
Após o corte de verba da Prefeitura do Rio para as escolas
de samba, a Mangueira levou para a Sapucaí o enredo "Com dinheiro ou sem
dinheiro eu brinco".
Em clima de "protesto irreverente", vários
trechos da letra do samba ironizaram a decisão de cortar os recursos destinados
às escolas. Um dos carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um
boneco de Judas, acompanhado da frase: "Prefeito, pecado é não brincar o carnaval".
Em dia de escolas que abusaram de luzes de LED e efeitos
especiais, a Mangueira se destacou pela aposta no saudosismo e no
"carnaval retrô". A escola tem 18 títulos no Grupo Especial, e seu
último campeonato foi em 2016.
Mocidade Independente
A Mocidade Independente de Padre Miguel fechou a primeira
noite de desfiles do Grupo Especial do Rio exaltando a Índia e mostrando as
semelhanças entre as culturas brasileira e indiana no enredo "Namastê... A
estrela que habita em mim saúda a que existe em você".
A escola apostou em elefantes "puxando" o carro
abre-alas e jacarés à frente do segundo carro. Com efeitos especiais, a
comissão de frente levou "deuses e monges" para a Sapucaí, além de
figuras emblemáticas como Gandhi (1869-1948).
Os 265 integrantes da bateria se vestiram como se
estivessem a caminho de um casamento indiano.