Não inveje os jovens. Todos nós já fomos jovens. Também corremos descalços na chuva, nos apaixonamos até tremer, rimos sem motivo e sonhamos com um futuro que parecia infinito. Tivemos corações leves e cabeças cheias de vento. Vivemos essa primavera da vida — cada um do seu jeito, mas vivemos.
Agora é outro tempo. Um tempo diferente, sim, mas com uma beleza muito especial. Aprendemos a ouvir o silêncio, a entender olhares sem palavras. Sabemos o valor de uma mão no ombro e quantas vezes já caminhamos da desesperança até a esperança. Vimos muito. Compreendemos ainda mais.
Inveje os mais velhos. Aqueles que recebem o amanhecer não com tristeza, mas com curiosidade: o que trará o novo dia? Aqueles que vão buscar cogumelos ou pescar não só pelo resultado, mas pelo prazer de estar em silêncio consigo mesmos. Aqueles que ainda têm brilho nos olhos, passos firmes e mente lúcida. Que se cuidam, não para os outros, mas por respeito a si mesmos.
Inveje as mulheres que, mesmo com a idade, continuam usando seus saltos preferidos, ficam sensuais (para elas ou para seus companheiros ou companheiras) e arrumam o cabelo como faziam na juventude. Elas não envelheceram — apenas continuam vivendo. Com dignidade e ternura, por si mesmas e pelo mundo.
Inveje quem tem uma vida inteira às costas e ainda tantos sonhos na alma. Quem ri com os netos, ensina com amor, não com sermões. Quem sobreviveu a traições, perdas, perdões e milagres — e ainda assim continuou sendo bom.
Ser jovem é fácil quando tudo está começando e ainda não se sabe o quanto pode doer. O difícil é permanecer jovem por dentro depois de tudo.
Isso sim é digno de inveja: os que viveram e não se endureceram. Os que não deixaram de sonhar. Os que não se perderam.
Seus rostos têm rugas — mas em cada linha há uma história. Suas mãos trazem marcas do tempo, mas ainda aquecem corações. Seus corpos podem ser flácidos, mas ainda se sentem sensuais, desejados e desejadas. Se amam!
Eles são os verdadeiramente jovens. Para sempre!!!
Imagens: arquivo CULTURARTE
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