sexta-feira, 26 de julho de 2019

Brasileiro identifica asteroide surpresa que passa 'raspando' pela Terra

Corpo celeste foi detectado por astrônomos amadores; se atingisse o planeta, poderia causar uma tsunami no Oceano Índico


Às 22h22m da quarta-feira 24 de julho, no horário de Brasília, um asteroide de aproximadamente 100 metros de diâmetro passou "raspando" pela Terra. Detectado por astrônomos amadores de Minas Gerais — que dispararam o alerta para uma rede ligada à União Astronômica Internacional (UAI) —, o Asteroid 2019 OK está viajando ao redor do Sol com uma velocidade entre 50 mil e 60 mil km/h.

O corpo celeste passou a 71,4 mil quilômetros de distância da Terra . Para se ter uma ideia da proximidade, a distância entre nosso planeta e a Lua é de 384 mil quilômetros.

— Se houvesse colisão, possivelmente seria no Oceano Índico e poderia causar uma tsunami nas ilhas ao redor — alerta o engenheiro civil Cristóvão Jacques, diretor sócio do Observatório Sonear (ou Observatório Austral para Pesquisas de Asteroides Próximos à Terra), responsável pela descoberta.

Segundo Jacques, o Asteroid 2019 OK dá a volta completa ao redor do Sol a cada 2,7 anos e passará novamente próximo à Terra em 2035 e 2086.

Dependendo do ângulo de entrada no planeta e a composição do asteroides — se é rochoso ou metálico, por exemplo — o Asteroid 2019 OK poderia destruir uma metrópole caso colidisse com uma área continental.

Em 2013, um meteoro significativamente menor, com aproximadamente 20 metros de diâmetro, o equivalente a um prédio de seis andares, atingiu a cidade russa de Chelyabinsk e desencadeou uma intensa onda de choque que derrubou telhados, quebrou janelas e deixou cerca de 1.200 feridos.

Jacques conduz as pesquisas com o professor João Ribeiro e o advogado Eduardo Pimentel. A equipe usa dois telescópios localizados em Oliveira, a cerca de 160 km ao Sul de Belo Horizonte. Desde 2014, identificaram 32 asteroides e sete cometas que passaram perto da Terra.

— Quando encontramos um objeto suspeito, mandamos um e-mail para o Minor Planet Center, órgão ligado à UAI. Uma vez que os dados são validados, são disponibilizados na web para que outros astrônomos possam conferir — explica Jacques. — Praticamente não há observatórios que realizam este trabalho no Hemisfério Sul.

Até hoje, já foram identificados mais de 17 mil asteroides próximos à Terra. Nenhum teve um perigo de colisão iminente. A fatalidade depende, entre outros fatores, da tração gravitacional do planeta, que influencia a trajetória do asteroide.


— Em média, um asteroide passa por semana entre a Terra e a Lua, mas normalmente eles são muito pequenos: têm entre dez a 20 metros de diâmetro, no máximo — explica Jacques.