De acordo com o calendário cristão, a Páscoa consiste no encerramento da chamada Semana Santa. No catolicismo, as comemorações referentes à Páscoa começam na "Quinta Feira Santa" com a Missa da Ceia do Senhor. Em seguida, na "Sexta Feira Santa" é celebrada a crucificação de Jesus. O "Domingo de Páscoa", que celebra a sua ressurreição e o primeiro aparecimento aos seus discípulos, encerra as comemorações de Páscoa.
A Semana Santa é a última semana da Quaresma, período em que os fiéis cristãos devem permanecer por 40 dias em penitências e períodos de jejum. Apesar disso, as práticas nesta época variam de acordo com a religião em questão. Por exemplo, os cristãos católicos e os cristãos protestantes têm práticas diferentes durante a Páscoa.
O dia da Páscoa foi estabelecido por decreto do Primeiro Concílio de Niceia (ano de 325 d.C), devendo ser celebrado sempre ao domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera (no Hemisfério Norte) e outono (no Hemisfério Sul).
A Páscoa é classificada como uma festa móvel, assim como todas as demais festividades que estão relacionadas a esta data, como o Carnaval, por exemplo.
A comemoração da Páscoa, no entanto, costuma ser entre os dias 22 de março a 25 de abril.
A Páscoa é comemorada em vários países, principalmente aqueles com fortes influências do cristianismo. Os espanhóis chamam a data de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
Etimologicamente, o termo Páscoa se originou a partir do latim Pascha, que por sua vez, deriva do hebraico Pessach / Pesach, que significa “a passagem”.
Páscoa judaica
A Páscoa teve a sua origem na história do povo judeu, e o Pessach ou Pesach é uma antiga festa realizada para celebrar a libertação do povo hebreu do cativeiro no Egito, aproximadamente em 1280 a.C.
As festividades começavam na tarde do dia 14 do mês lunar de Nisan. Era servida uma refeição semelhante a que os hebreus fizeram ao sair apressadamente do Egito (o Sêder de Pessach).
Símbolos da Páscoa
A Páscoa é recheada de símbolos representativos, assim como quase todas as celebrações religiosas. A maioria destes símbolos, no entanto, foram sincretizados pela igreja a partir de costumes e rituais pagãos ou de outras religiões.
O coelho da Páscoa, por exemplo, se tornou um dos principais símbolos desta festividade em referência as comemorações feitas pelos povos antigos durante o começo da primavera. Acreditava-se que o coelho era a representatividade da fertilidade e do ressurgimento da vida.
O ovo também é um símbolo da Páscoa, pois representa o começo da vida. Vários povos costumavam presentear os amigos com ovos, desejando-lhes a passagem para uma vida feliz. A partir deste costume, surgiram os primeiros Ovos de Páscoa.
Os Símbolos da Páscoa são representações que fazem parte dos rituais da Semana Santa.
A Páscoa é uma festividade importante para os cristãos, pois celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, um episódio bíblico interpretado como a passagem para novos tempos e novas esperanças para a humanidade.
A Páscoa é comemorada em data móvel, sempre entre os dias 22 de março e 25 de abril.
A Páscoa para os judeus - Pessach (“passar além”, na tradução do hebraico) é comemorada pela conquista da liberdade pelos hebreus, que viviam como escravos no Egito, simbolizando o retorno à vida digna.
Essa libertação coincidiu com o início da primavera, assim fundiram-se numa só festa, a renovação da natureza e o renascimento de Israel, como eram chamados os hebreus.
Os rituais que precedem a Semana Santa começam 40 dias antes da Páscoa, período conhecido por "Quaresma" - quando os cristãos se dedicam à penitencia do jejum, para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e também o sofrimento que ele suportou na crucificação.
A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, onde a estrada era enfeitada com folhas da palmeira.
A Sexta Feira é o dia da celebração da morte de Jesus na Cruz. O Sábado de Aleluia é o dia da celebração da missa da meia noite, na passagem para o Domingo da Ressurreição.
No domingo é celebrada a Páscoa - o Domingo de Páscoa, o dia da Ressurreição de Jesus e sua primeira aparição para seus discípulos.
Saiba mais sobre o significado da Páscoa Cristã.
Durante a Semana Santa, vários símbolos fazem parte do ritual das comemorações, entre eles:
Os ramos de palmeira
A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, ocasião em que as pessoas cobriam a estrada com folhas de palmeira, para comemorar sua chegada.
Atualmente, as folhas de palmeiras são usadas na decoração das Igrejas durante as comemorações da Semana Santa, como um sinal de “boas-vindas a Cristo”.
Cordeiro
Este é um dos símbolos mais antigos da Páscoa, lembrando a aliança que Deus teria feito com o povo judeu no Antigo Testamento.
Naquela época, a Páscoa era celebrada com o sacrifício de um cordeiro.
Para os cristãos, Jesus Cristo é o “cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo
Círio Pascal
O Círio Pascal é uma grande vela, decorada com as letras gregas alfa e ômega, que significam “início” e “fim”, respectivamente, e usada durante as missas da Semana Santa.
Durante a Vigília Pascal é inserido na vela os cinco pontos das chagas de Cristo na cruz.
É acesa no Sábado de Aleluia e sua Luz representa a Ressurreição de Cristo.
O Peixe
O peixe é um símbolo trazido dos apóstolos que eram pescadores.
É um símbolo de vida, usado pelos primeiros cristãos, no acróstico IXTUS - peixe em grego.
As letras são as iniciais de "Iesus Xristos Theos Huios, Sopter", que significa "Jesus Cristo, Filho de Deus, o Salvador".
Faz parte do ritual da Semana Santa comer peixe na Sexta Feira Santa, para lembrar o ritual dos 40 dias de jejum de carne, seguidos pelos cristãos durante a Quaresma.
Descubra mais sobre o significado do Peixe na Páscoa.
Ovo de Páscoa
Por representar o nascimento e a vida, presentear com ovos era um costume antigo entre os povos do Mediterrâneo.
Durante as festividades para comemorar o início da primavera e a época de plantio, os ovos eram cozidos, pintados e presenteados, para representar a fertilidade e a vida.
O costume passou a ser seguido durante as festividades dos cristãos, onde eram pintados com imagens de Jesus e Maria, representando simbolicamente o nascimento do Messias.
Muitas culturas mantêm até hoje esse costume. No mundo moderno, o ovo fabricado com chocolate virou uma tradição de presente no Domingo de Páscoa.
A Ressurreição de Jesus
A ressurreição de Cristo não se reduz à revitalização de um indivíduo qualquer. Com ela foi inaugurada uma dimensão que interessa a todos seres humanos
Acreditar na ressurreição de Jesus, para o cristão, é uma condição de existência: é-se cristão porque se acredita que Jesus está vivo, triunfou da morte, ressuscitou, e é, para todos os humanos, o único mediador entre Deus e os homens. Dessa mediação participam a seu modo tudo aquilo (o universo e tudo aquilo que contém) e todos aqueles (dos mais sábios aos mais humildes) que, pela vida e pela palavra, proclamam o poder e a misericórdia de Deus que sustenta todo o universo e chama todos a participar de sua vida.
A fé na ressurreição de Jesus Cristo é o fundamento da mensagem cristã. A fé cristã estaria morta se lhe fosse retirada a verdade da ressurreição de Cristo. A ressurreição de Jesus são as primícias de um mundo novo, de uma nova situação do homem. Ela cria para os homens uma nova dimensão de ser, um novo âmbito da vida: o estar com Deus. Também significa que Deus manifestou-se verdadeiramente e que Cristo é o critério no qual o homem pode confiar.
A fé na ressurreição de Jesus é algo tão essencial para o cristão que São Paulo chegou a escrever: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a vossa fé” (1Cor 15, 14).
A ressurreição de Cristo não é apenas o milagre de um cadáver reanimado. Não se trata do mesmo evento que ocorreu com outros personagens bíblicos como a filha de Jairo (cf. Mc 5, 22-24) ou Lázaro (cf. Jo 11, 1-44), que foram trazidos de volta à vida por Jesus, mas que, mais tarde, num certo momento, morreriam fisicamente.
A ressurreição de Jesus “foi a evasão para um gênero de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para além disso: uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”, explica o Papa Bento XVI no segundo volume do seu livro “Jesus de Nazaré”.
Jesus ressuscitado não voltou à vida normal que tinha neste mundo. Isso foi o que aconteceu com Lázaro e outros mortos ressuscitados por Ele. Jesus “partiu para uma vida diversa, nova: partiu para a vastidão de Deus, e é a partir dela que Ele se manifesta aos seus”, prossegue o Papa.
A ressurreição de Cristo é um acontecimento dentro da história que, ao mesmo tempo, rompe o âmbito da história e a ultrapassa. Bento XVI a explica com uma analogia. “Se nos é permitido por uma vez usar a linguagem da teoria da evolução”, a ressurreição de Jesus é “a maior ‘mutação’, em absoluto o salto mais decisivo para uma dimensão totalmente nova, como nunca se tinha verificado na longa história da vida e dos seus avanços: um salto para uma ordem completamente nova, que tem a ver conosco e diz respeito a toda a história” (homilia da Vigília Pascal de 2006).
Portanto, a ressurreição de Cristo não se reduz à revitalização de um indivíduo qualquer. Com ela foi inaugurada uma dimensão que interessa a todos seres humanos, uma dimensão que criou para os homens “um novo âmbito da vida, o estar com Deus”, explica o Papa no livro “Jesus de Nazaré”.
As narrativas evangélicas, na diversidade de suas formas e conteúdos, convergem todas para a convicção a que chegaram os primeiros seguidores de Jesus, de que sua ação salvadora, tal como se havia pressentido nas Escrituras, não se frustrara nem se havia encerrado com sua morte. Pelo contrário, cumpria a promessa de Deus feita desde as origens da humanidade e, portanto, o fato de Jesus estar vivo e atuante na história tinha sua base em Deus, vinha confirmar a esperança que depositamos em Deus de que a verdade e o bem, a justiça e a paz hão de triunfar, terão a última palavra, porque Deus é fiel.
O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Ao mesmo tempo, é um evento misteriosamente transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus (cf. CIC, 639 e 656).
Dois sinais da ressurreição são reconhecidos como essenciais pela fé da Igreja Católica. O primeiro é o testemunho das pessoas que encontraram Cristo ressuscitado. Essas testemunhas da ressurreição de Cristo são, antes de tudo, Pedro e os Doze apóstolos, mas não somente eles. São Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago e de todos os apóstolos (cf. CIC, 642; 1 Cor 15, 4-8).
O segundo sinal é o túmulo vazio. Significa que a ausência do corpo de Jesus não poderia ser obra humana. O sepulcro vazio e os panos de linho no chão significam por si mesmos que o corpo de Cristo escapou das correntes da morte e da corrupção, pelo poder de Deus (CIC, 656).
O teólogo Francisco Catão, doutor em Teologia pela Universidade de Estrasburgo e professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, explica que os sinais do sepulcro vazio e das aparições de Jesus ressuscitado foram válidos para os apóstolos e primeiros seguidores de Jesus.
“Não há porque, racionalmente, duvidar. Seria levantar a suspeita de inautenticidade histórica de todo o Novo Testamento, no que hoje, depois dos abalos da exegese liberal e da ciência mal informada, nenhum autor sério cientificamente acredita”.
“O Novo Testamento relata a morte de Jesus e seus primeiros seguidores, interpretando os sinais do túmulo vazio e das aparições. Fato que afirmaram solenemente, com base nas Escrituras. Animados pelo Espírito Santo, deram o testemunho de sua vida pela fé em Jesus, vivo junto a Deus, como o sabemos desde os Atos dos Apóstolos”, afirma o teólogo.
O ser humano é aquele ser que não tem permanência em si mesmo. Continuar vivendo só pode significar, humanamente falando, continuar existindo num outro. Mas existir no outro – por meio dos filhos ou da fama, por exemplo – não passa de uma sombra, porque o outro também se desfaz. Só Deus pode amparar o homem e fazê-lo perdurar. Neste sentido, a ressurreição é a força do amor que vence a morte. Ela não é um ato fechado em si, que pertence só à divindade de Cristo. É o princípio e a fonte de nossa própria ressurreição futura.
Só existe “um” que nos pode amparar, “aquele que ‘é’, que não vem ao ser e que não deixa de ser, mas que permanece em meio ao vir a ser e ao desaparecer: o Deus dos vivos que sustenta não apenas uma sombra e o eco de meu ser e cujos pensamentos não são apenas cópias da realidade” (Joseph Ratzinger, “Introdução ao Cristianismo”).
Nesse sentido, a ressurreição “é a força maior do amor diante da morte. Ela prova, ao mesmo tempo, que a imortalidade só pode ser fruto do existir no outro que continua de pé mesmo quando eu estou em farrapos” (idem).
Os relatos da ressurreição de Jesus testemunham um fato novo, que não brotou simplesmente do coração dos discípulos. Trata-se de um fato que chegou a eles de fora, se apoderou deles contra as suas dúvidas e os fez ter a certeza de que Jesus realmente ressuscitou.
“Aquele que estava no túmulo já não está lá, ele vive – e é realmente ele próprio. Ele que passara ao outro mundo de Deus mostrou-se suficientemente poderoso para mostrar-lhes de forma palpável que era ele mesmo que se encontrava na frente deles, que nele o poder do amor se revelara realmente mais forte do que o poder da morte” (idem).
A ressurreição de Jesus Cristo constitui a comprovação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou. Todas as verdades, mesmo as mais inacessíveis ao espírito humano, encontram sua confirmação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade divina (CIC, 651).
Nenhum homem pode ressuscitar um morto. Por conseguinte, se Jesus, como homem, ressuscitou, isto é obra de Deus. A ressurreição de Jesus crucificado demonstrou que ele era verdadeiramente o Filho de Deus e Deus mesmo (CIC, 653).
A ressurreição é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e das promessas que o próprio Jesus fez durante sua vida terrestre. A verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus não é um ato fechado em si. É o início de um processo que se estende a todos os homens. Ela é o princípio e a fonte da ressurreição futura dos homens, atuando “desde já pela justificação de nossa alma” e, mais tarde, “pela vivificação de nosso corpo” (CIC, 658).
“Não foi nada fácil, através da história, nem o é, nos dias de hoje, para os cristãos, sustentar sua fé. Nunca, porém, lhes faltou a assistência do Espírito, senão para provar a ressurreição, pelo menos para evidenciar que não pode ser validamente contestada, por nenhum tipo de argumento científico ou filosófico”, afirma o teólogo Francisco Catão.
Acreditar na ressurreição de Jesus, para o cristão, é uma condição de existência: é-se cristão porque se acredita que Jesus está vivo, triunfou da morte, ressuscitou, e é, para todos os humanos, o único mediador entre Deus e os homens. Dessa mediação participam a seu modo tudo aquilo (o universo e tudo aquilo que contém) e todos aqueles (dos mais sábios aos mais humildes) que, pela vida e pela palavra, proclamam o poder e a misericórdia de Deus que sustenta todo o universo e chama todos a participar de sua vida.
A fé na ressurreição de Jesus Cristo é o fundamento da mensagem cristã. A fé cristã estaria morta se lhe fosse retirada a verdade da ressurreição de Cristo. A ressurreição de Jesus são as primícias de um mundo novo, de uma nova situação do homem. Ela cria para os homens uma nova dimensão de ser, um novo âmbito da vida: o estar com Deus. Também significa que Deus manifestou-se verdadeiramente e que Cristo é o critério no qual o homem pode confiar.
A fé na ressurreição de Jesus é algo tão essencial para o cristão que São Paulo chegou a escrever: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a vossa fé” (1Cor 15, 14).
A ressurreição de Cristo não é apenas o milagre de um cadáver reanimado. Não se trata do mesmo evento que ocorreu com outros personagens bíblicos como a filha de Jairo (cf. Mc 5, 22-24) ou Lázaro (cf. Jo 11, 1-44), que foram trazidos de volta à vida por Jesus, mas que, mais tarde, num certo momento, morreriam fisicamente.
A ressurreição de Jesus “foi a evasão para um gênero de vida totalmente novo, para uma vida já não sujeita à lei do morrer e do transformar-se, mas situada para além disso: uma vida que inaugurou uma nova dimensão de ser homem”, explica o Papa Bento XVI no segundo volume do seu livro “Jesus de Nazaré”.
Jesus ressuscitado não voltou à vida normal que tinha neste mundo. Isso foi o que aconteceu com Lázaro e outros mortos ressuscitados por Ele. Jesus “partiu para uma vida diversa, nova: partiu para a vastidão de Deus, e é a partir dela que Ele se manifesta aos seus”, prossegue o Papa.
A ressurreição de Cristo é um acontecimento dentro da história que, ao mesmo tempo, rompe o âmbito da história e a ultrapassa. Bento XVI a explica com uma analogia. “Se nos é permitido por uma vez usar a linguagem da teoria da evolução”, a ressurreição de Jesus é “a maior ‘mutação’, em absoluto o salto mais decisivo para uma dimensão totalmente nova, como nunca se tinha verificado na longa história da vida e dos seus avanços: um salto para uma ordem completamente nova, que tem a ver conosco e diz respeito a toda a história” (homilia da Vigília Pascal de 2006).
Portanto, a ressurreição de Cristo não se reduz à revitalização de um indivíduo qualquer. Com ela foi inaugurada uma dimensão que interessa a todos seres humanos, uma dimensão que criou para os homens “um novo âmbito da vida, o estar com Deus”, explica o Papa no livro “Jesus de Nazaré”.
As narrativas evangélicas, na diversidade de suas formas e conteúdos, convergem todas para a convicção a que chegaram os primeiros seguidores de Jesus, de que sua ação salvadora, tal como se havia pressentido nas Escrituras, não se frustrara nem se havia encerrado com sua morte. Pelo contrário, cumpria a promessa de Deus feita desde as origens da humanidade e, portanto, o fato de Jesus estar vivo e atuante na história tinha sua base em Deus, vinha confirmar a esperança que depositamos em Deus de que a verdade e o bem, a justiça e a paz hão de triunfar, terão a última palavra, porque Deus é fiel.
O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Ao mesmo tempo, é um evento misteriosamente transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus (cf. CIC, 639 e 656).
Dois sinais da ressurreição são reconhecidos como essenciais pela fé da Igreja Católica. O primeiro é o testemunho das pessoas que encontraram Cristo ressuscitado. Essas testemunhas da ressurreição de Cristo são, antes de tudo, Pedro e os Doze apóstolos, mas não somente eles. São Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago e de todos os apóstolos (cf. CIC, 642; 1 Cor 15, 4-8).
O segundo sinal é o túmulo vazio. Significa que a ausência do corpo de Jesus não poderia ser obra humana. O sepulcro vazio e os panos de linho no chão significam por si mesmos que o corpo de Cristo escapou das correntes da morte e da corrupção, pelo poder de Deus (CIC, 656).
O teólogo Francisco Catão, doutor em Teologia pela Universidade de Estrasburgo e professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, explica que os sinais do sepulcro vazio e das aparições de Jesus ressuscitado foram válidos para os apóstolos e primeiros seguidores de Jesus.
“Não há porque, racionalmente, duvidar. Seria levantar a suspeita de inautenticidade histórica de todo o Novo Testamento, no que hoje, depois dos abalos da exegese liberal e da ciência mal informada, nenhum autor sério cientificamente acredita”.
“O Novo Testamento relata a morte de Jesus e seus primeiros seguidores, interpretando os sinais do túmulo vazio e das aparições. Fato que afirmaram solenemente, com base nas Escrituras. Animados pelo Espírito Santo, deram o testemunho de sua vida pela fé em Jesus, vivo junto a Deus, como o sabemos desde os Atos dos Apóstolos”, afirma o teólogo.
O ser humano é aquele ser que não tem permanência em si mesmo. Continuar vivendo só pode significar, humanamente falando, continuar existindo num outro. Mas existir no outro – por meio dos filhos ou da fama, por exemplo – não passa de uma sombra, porque o outro também se desfaz. Só Deus pode amparar o homem e fazê-lo perdurar. Neste sentido, a ressurreição é a força do amor que vence a morte. Ela não é um ato fechado em si, que pertence só à divindade de Cristo. É o princípio e a fonte de nossa própria ressurreição futura.
Só existe “um” que nos pode amparar, “aquele que ‘é’, que não vem ao ser e que não deixa de ser, mas que permanece em meio ao vir a ser e ao desaparecer: o Deus dos vivos que sustenta não apenas uma sombra e o eco de meu ser e cujos pensamentos não são apenas cópias da realidade” (Joseph Ratzinger, “Introdução ao Cristianismo”).
Nesse sentido, a ressurreição “é a força maior do amor diante da morte. Ela prova, ao mesmo tempo, que a imortalidade só pode ser fruto do existir no outro que continua de pé mesmo quando eu estou em farrapos” (idem).
Os relatos da ressurreição de Jesus testemunham um fato novo, que não brotou simplesmente do coração dos discípulos. Trata-se de um fato que chegou a eles de fora, se apoderou deles contra as suas dúvidas e os fez ter a certeza de que Jesus realmente ressuscitou.
“Aquele que estava no túmulo já não está lá, ele vive – e é realmente ele próprio. Ele que passara ao outro mundo de Deus mostrou-se suficientemente poderoso para mostrar-lhes de forma palpável que era ele mesmo que se encontrava na frente deles, que nele o poder do amor se revelara realmente mais forte do que o poder da morte” (idem).
A ressurreição de Jesus Cristo constitui a comprovação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou. Todas as verdades, mesmo as mais inacessíveis ao espírito humano, encontram sua confirmação se, ao ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua autoridade divina (CIC, 651).
Nenhum homem pode ressuscitar um morto. Por conseguinte, se Jesus, como homem, ressuscitou, isto é obra de Deus. A ressurreição de Jesus crucificado demonstrou que ele era verdadeiramente o Filho de Deus e Deus mesmo (CIC, 653).
A ressurreição é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e das promessas que o próprio Jesus fez durante sua vida terrestre. A verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus não é um ato fechado em si. É o início de um processo que se estende a todos os homens. Ela é o princípio e a fonte da ressurreição futura dos homens, atuando “desde já pela justificação de nossa alma” e, mais tarde, “pela vivificação de nosso corpo” (CIC, 658).
“Não foi nada fácil, através da história, nem o é, nos dias de hoje, para os cristãos, sustentar sua fé. Nunca, porém, lhes faltou a assistência do Espírito, senão para provar a ressurreição, pelo menos para evidenciar que não pode ser validamente contestada, por nenhum tipo de argumento científico ou filosófico”, afirma o teólogo Francisco Catão.