Três longos meses sem trocar uma palavra. Foi esse o tempo que Amélia Schwarz, 46, mãe da cam girl, atriz pornográfica e youtuber brasileira Dread Hot, 25, demorou para resolver o conflito que virou sua cabeça ao descobrir o trabalho fora do usual da filha.
Dread Hot - hoje o maior nome do cine pornô brasileiro e já se consagrando mundialmente, se lançou na nova carreira assim que abandonou o trabalho como publicitária, há cerca de um ano meio. Mas foi só no começo deste ano, após muitas produções pornôs e milhares de fãs a seguindo, que ela sentou com mãe para conversar sobre a profissão.
Não se pode dizer que foi fácil. A professora Amélia, porém, buscou uma compreensão nem sempre comum nas famílias destas estrelas do mundo do sexo. As duas chegaram a gravar um vídeo juntas para falar da relação mãe e filha no YouTube. Ao CulturarTEEN, ela conta como foi encarar este processo.
Descoberta foi um choque
“Aconteceu, talvez, há uns cinco meses. Ela me chamou para conversar porque ela nunca mente para mim. Por ser muito sincera, disse que isso a estava incomodando. Quando me contou, pensei que fosse outra coisa, mais leve. Acabei caindo em um vídeo muito… Muito aberto, sabe? Dela com o namorado. Eu não esperava isso. Estava esperando somente fotos sensuais. Por ter caído em um vídeo logo de cara, para mim foi um choque.”
Não era nada do que eu esperava
"Nenhuma mãe espera por isso. Quando perguntam a uma mãe o que deseja para a filha, nunca se pensa que possa ser atriz ou modelo pornô. Foi quando a chamei para dizer que gostaria dar uma pausa na nossa convivência. Eu não estava a fim, mesmo, dessa situação. A gente ficou três meses sem se falar, mas eu já não estava aguentando mais.
Tomei antidepressivos… Como tenho muita fé, também rezei e pedi iluminação, discernimento. Nesse meio tempo, fui pesquisando cada vez mais sobre o tema até ver que não era nada do que eu estava achando: minha filha não era nem puta, nem garota de programa. Nada disso. Nós nos reencontramos".
O preconceito com a sexualidade da mulher no ramo pornô
"Existem muitos conceitos precipitados, pré-conceitos, apesar de ninguém nunca ter feito ou eu ter ouvido qualquer comentário próximo sobre minha filha. Mesmo eu: acho que se fosse mãe de um homem que faz isso, seria mais fácil. Na minha cabeça, penso coisas como: quem é que vai namorar uma garota que faz tudo que faz para todo mundo ver? E quando tiver um filho? Sua vida vai ficar para sempre na internet. Foi aí que aprendi mais um pouco com ela."
Queria que seguisse a carreira de formação, mas se ela está feliz, também estou
"Sou aquela que mostra a verdade, que fala. Não sou só uma mãe que fala que está tudo bem, não. Também tenho a minha parte de dizer: ‘Dread, não tá certo!’. Eu entendo, acolho, mas não é o que eu quero. Acho que relação mãe e filho é isso: a filha ter certeza de que a mãe é o porto seguro dela. Ela pode viajar, pode sair com o namorado e os amigos, mas está sempre ligada de que estou ali. Gostaria que ela trabalhasse com a área que se formou, em publicidade. Mas esse é o meu sonho; não o dela. Se ela está feliz, eu estou feliz."
Sem essa 'Onde foi que eu errei?'
"Toda essa descoberta me ensinou a admirá-la mais, né? Acho que para fazer o que ela faz é preciso ter muita coragem e ser independente. No fundo, o que eu estava pensando no 'onde foi que eu errei'? No final, eu não errei nada, porque ela é bem resolvida. Hoje eu admiro muito as atitudes que ela tem de encarar a profissão, a família, os amigos."