terça-feira, 5 de março de 2019

CARNAVAL 2019 > Surpresas em São Paulo: Mancha Verde campeã pela primeira vez e Vai Vai maior campeã é rebaixada

Mancha Verde é a campeã do carnaval de SP pela 1ª vez. 

Escola levou o troféu com homenagem a Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, e sua luta pelos direitos de negros e mulheres.



A Mancha Verde é a grande campeã do carnaval 2019 de São Paulo. É o primeiro título da escola. Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi foram rebaixadas.

O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta terça-feira (4), diretamente do Sambódromo do Anhembi.

Integrantes da diretoria com a Taça na mão

A escola levou o troféu com desfile sobre a princesa africana Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, e discutiu escravidão, direitos de negros e mulheres e intolerância religiosa na avenida.

"Eu tenho muito orgulho de fazer parte da Mancha. Atribuição [da vitória] é para todos nós. E graças a Deus o presidente [Paulo Serdan] teve cabeça fria e trouxe o Jorge Freitas [carnavalesco da escola]. Parabéns, Jorge!", comemorou o vice-presidente da escola, Rogério Carneiro.


Em seu primeiro ano na Mancha Verde, após títulos na Gaviões da Fiel, na Rosas de Ouro e na Império de Casa Verde, o carnavalesco Jorge Freitas trabalhou com a ideia de enredo dada pelo presidente da escola, Paulo Serdan.

A rainha de bateria Viviane Araújo festejou a vitória da escola. "Ganhamos! Eu queria estar lá com todo mundo, estou muito feliz. Foi lindo, a gente fez um trabalho lindo a escola se preparou para isso o ano todo, o Paulo investiu muito nesse carnaval e é merecido, a Mancha mereceu. Eu queria abraçar todo mundo, festejar com todo mundo, com a Puro Balanço, minha bateria... Estou muito feliz e sexta-feira vamos fazer mais uma festa no Anhembi", disse ela ao G1.


Vitória no último quesito
A Acadêmicos do Tatuapé, que ganhou os dois últimos carnavais de São Paulo, liderou a disputa nos oito primeiros quesitos. No nono, o de alegoria, porém, a escola perdeu pontos e foi ultrapassada pela Mancha, que levou o troféu. A Tatuapé acabou em sétimo lugar.

Trajetória no carnaval de SP
Em 2018, a Mancha ficou na terceira colocação, atrás da campeã Acadêmicos do Tatuapé e da vice Mocidade Alegre, apenas por causa dos critérios de desempate. A escola retornou ao Grupo Especial em 2017, quando ficou em décimo lugar.

Ranking de títulos no carnaval
Rebaixada neste ano, a Vai-Vai é a maior campeã do carnaval de São Paulo, com 15 títulos conquistados. Em segundo, está a Nenê de Vila Matilde, com 11, seguida de Camisa Verde e Branco e Mocidade Alegre, com 9 cada uma.

A Rosas de Ouro, que ficou em terceiro lugar na disputa em 2019, tem 7 títulos. Já a vice Dragões não tem nenhum vitória no carnaval. A Mancha, que também nunca tinha ganhada antes deste ano, tem um título. 

Desfile das campeãs
Na sexta-feira (8), a Mancha Verde vai fechar o Desfile das Campeãs no Sambódromo do Anhembi.

Também vão desfilar as outra quatro escolas mais bem classificadas após a apuração realizada nesta terça: Dragões da Real, Rosas de Ouro, Unidos de Vila Maria e Império de Casa Verde, além da campeã e vice do Grupo de Acesso, que serão conhecidas ainda nesta terça.

O Desfile das Campeãs começa às 21h da sexta. Os ingressos estão disponíveis no site da Liga.

Destaques do desfile
Viviane Araújo completou seu 13º ano como rainha da bateria, vestida como uma princesa africana
Uma ala tinha passistas com mãos acorrentadas e barrigas de grávidas, representando escravas reprodutoras. Outra tinha um mar vermelho de sangue dos escravos
O último carro mostrava o quilombo dos Palmares, com direito a um busto de Zumbi, neto de Aqualtune.

A agremiação, que foi criada a partir da torcida organizada do Palmeiras, botou seus 3.000 componentes para retratar abusos sofridos pelos negros africanos trazidos para o Brasil e obrigados a abandonar suas religiões.

O gigantesco carro abre-alas retratava as riquezas do Congo e de Oxalá, um dos orixás das religiões africanas. No recuo, a bateria vestida como guerreiros africanos inaugurou plataformas para elevarem os diretores, que regem os ritmistas.

Nos carros, atores encenavam momentos de tortura e punições aos quais os escravos eram submetidos no Brasil. No último deles, um enorme busto de ferro, que será doado ao Museu Afro Brasil, representava Zumbi dos Palmares.