terça-feira, 8 de janeiro de 2019

BRASILEIRA RELATA AMEAÇAS E TORTURAS SOFRIDAS POR COMPANHEIRO

Rebeca Kodaira, de 22 anos, tem filha de 11 meses com Fabian Laumer, o DJ Nu. Eles moravam em Berlim e tocavam juntos. Ela diz ter fraturas no crânio e na face; ele diz que ela cometeu auto abuso


A brasileira Rebeca Kodaira, de 22 anos, acusou de agressão o DJ alemão Fabian Laumer, conhecido como DJ Nu. Os dois têm uma filha de 11 meses e moravam juntos em Berlim. Ela compartilhou fotos e vídeos nas redes sociais com o rosto inchado e ferido, e relatou as agressões.

Segundo Rebeca, a agressão aconteceu no dia 5 de dezembro, no apartamento deles em Berlim. Ela divulgou os vídeos e fotos nesta sexta-feira (28), após voltar com sua filha a São Paulo, na casa de sua família. Rebeca diz ao G1 que ainda tem fraturas nos ossos do crânio e da face.

O G1 tentou contato por e-mail com Fabian, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. Em sua página no Facebook, na sexta-feira, o DJ alemão de origem peruana negou ter agredido Rebeca e disse que ela estava internada por estar doente e por ter cometido "auto abuso". Depois, ele apagou o perfil no site.

Parceiros

Rebeca é produtora e também DJ, e lançou em 2018 um disco em parceria com o DJ Nu, "Nômade", no projeto que ele chamaram de Renu. Eles faziam apresentações juntos pelo mundo.

Nu tem faixas conhecidas na cena da música eletrônica, como "Who loves the sun" (48 milhões de visualizações no YouTube), "Man o to" (12 milhões) e "Amor" (17 milhões).

Eles estavam juntos desde 2017. "Nossa relação era muito boa antes da nossa filha. A gente só viajava, fazia turnê. Depois de a bebê nascer, eu não saía de casa. Isso foi me dando uma depressão. Eu fui ficando triste e doente", diz Rebeca, que ainda teve um tumor benigno na bexiga e problemas nos rins após a gravidez.

Rebeca Kodaira
Há ± 1 semana
Eu tinha 35 quilos, realmente sensato e temente a morrer.
Eu tinha diagnosticado tumor, também os meus rins era este tipo de enxada de cavalo, as minhas células de sangue branco estavam muito elevadas.
Eu fico com um tratamento intensivo.
A causa do hospital esquerdo não tinha mais sangue. Eu era pra voltar depois de 4 dias, mas meu pai veio pra Alemanha pra me levar pra casa. Aparentemente o pai da minha filha estava bem e ele me reserva um bilhete para ir Brasil. O meu pai colocou toda a sua confiança sobre ele.
No dia seguinte ele fica a noite toda comigo e com o nosso amigo sw, fizemos a música "me diz porque". depois de um tempo eu começo a sentir-me doente (acabei de ter o hospital).
E já fazia parte da minha rotina para vomitar ou diarreia causa do remédio.
Ele tomou conta de mim e depois de me tomar banho ele me colocou na cama. Tivemos uma pequena discussão em frente ao sw. Porque eu estava com muito medo de um incenso e fogo. Na verdade eu já sabia que ele estava fora de si mesmo.
Pela manhã ele já estava 2 dias acordado tomando substâncias e uma garrafa de mescal.
Eu deixo o quarto de bebê e deito-me sozinho na outra sala quando ele vem para a cama, ele só disse "Eu vou te matar" e colocar a mão na minha boca, como legítima defesa eu mordo os dedos dele. Depois disso ele parar e eu grito "me ajuda" Ele cobre a minha boca e o nariz (se ele só queria me fazer calmo e tranquilo ele não ia cobrir meu nariz). Depois que ele começar a estrangulamento no meu pescoço. E bater no lado esquerdo da minha cabeça.
Eu só me lembro de morrer...
Depois que eu desligar ele ainda queria ter certeza que eu estava morto, então ele me levou pelo meu cabelo, e batia minha cara no canto da janela. Faz um buraco de 4 centímetros x 2 centímetros. Ele tirou todas as minhas roupas (não sei o que mais e como) Ele só me colocou no chão do chuveiro. (talvez ele tente me acordar, mas eu realmente estava morto).
Ele me deixa no chão com água na cara, lembro de ficar idades longe... e quando eu acordo, não me lembrava nem de quem eu era, eu só me suporto e olho no espelho, e vi o meu Cara de cabelo e corpo cheio de sangue, eu fico com pânico e com medo, e não consegui mexer... me passo muito devagar para não o acordar, e a única coisa foi na minha mente foi "preciso sair daqui". E eu abro a porta sem fazer nenhum barulho e assim que eu sair eu deixei as escadas pra baixo, lembro do barulho @ Berlim, Alemanha
0:00
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e close-up
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e close-up
-0:23

A agressão

Rebeca narra o dia da agressão: "A nossa filha estava dormindo no apartamento, e ele estava consumindo drogas. Eu falei que ia dormir e fui para o outro quarto da casa". Segundo ela, Fabian ficou irritado e ainda a acusou de ter roubado objetos dele.

"Ele falou que ia me matar. Eu mordi o dedo dele e pedi socorro. Ele tapou minha boca e meu nariz e eu fiquei inconsciente", ela diz. Rebeca afirma que ele tentou enforcá-la, deu golpes no seu rosto e na cabeça e a deixou no chão do banheiro. "Eu fiquei uma hora desacordada. Quando acordei, só lembro de sair e a ambulância chegar."
"No hospital, trocamos mensagens e ele pediu desculpas, disse que estava envergonhado", ela diz. Segundo Rebeca, ele chegou a ser detido por uma noite. Depois, as autoridades alemãs proibiram Fabian de chegar a mais de 200 metros de distância dela, afirma a brasileira.


Luta pela filha e busca por advogado


Ela já pretendia voltar ao Brasil no dia 6 de dezembro, um dia após ser agredida. Mas a internação a fez adiar a viagem. Neste meio tempo, ela teve uma audiência inicial sobre a guarda da filha. Outra audiência sobre a guarda está marcada para fevereiro, em Berlim.

O julgamento da agressão ainda vai demorar cerca de três meses para ser realizado, segundo Rebeca. Ela afirma que não gostaria que ele fosse preso, mas que passasse por um tratamento de reabilitação. A brasileira ainda diz ter medo de perder a guarda da filha, por não conhecer advogados de direito de família na Alemanha.

'Quero que ele se trate'


"Ele sempre foi um bom pai, um bom marido, mas tinha estes transtornos. Ele explodia e virava um monstro. Mas um monstro que eu conseguia controlar. Tentava me bater mas eu conseguia me defender. Eu falava para parar e ele parava. Eu nunca fiz nenhuma acusação porque eu preferia lutar pela família", diz Rebeca.

"Não quero que agridam ele. Nunca fui a favor de violência. Eu quero que ele se trate. Que faça terapia. Que volte a ser a pessoa que eu conheci. Agredir ele não vai voltar no tempo e curar minhas feridas", ela afirma.
Rebeca chora ao falar sobre as fraturas e diz que talvez tenha que passar por cirurgias para que o rosto não fique deformado e para retirar o queloide formado no lábio.

Ela já produziu eventos de música eletrônica no Brasil e também na Alemanha. Ela diz que ainda não sabe onde vai morar a partir de agora. "Jamais voltaria a ter um relacionamento com ele. Mas teremos uma filha juntos para o resto da vida. Melhor para ele que sejamos amigos".