Atualmente, cerca de 387 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo, mas quase metade, ou 179 milhões, ainda não foi diagnosticada. Nem por isso, os riscos e consequências do diabetes são menos sérios. Na verdade, as pessoas que não sabem que têm diabetes – e que, portanto, não estão sob cuidados adequados – estão mais sujeitas aos riscos e complicações da doença.
Como os sintomas do diabetes muitas vezes demoram a se manifestar ou a ser percebidos pelos pacientes (apesar de estarem lá), o diabetes é considerado uma “doença silenciosa”. Na linguagem médica, a doença é chamada de assintomática, já que aparentemente não apresenta sintomas.
O diabetes é também uma doença metabólica, pois seu desenvolvimento está relacionado à forma com que o corpo humano metaboliza (ou transforma) os alimentos ingeridos em energia para manter-se em funcionamento. A doença é caracterizada por altos níveis de glicose no sangue, também chamado de hiperglicemia, que podem causar sérios problemas de saúde em diferentes vasos e órgãos do corpo.
Já se sabe que há fatores genéticos envolvidos no desenvolvimento do diabetes, mas a doença não é exclusivamente genética. Na maioria dos casos, é preciso que haja uma interação de fatores (genéticos e ambientais) para que o diabetes se desenvolva. Entre os fatores ambientais predominantes está o excesso de peso/obesidade; alimentação excessivamente rica em açúcares e gorduras e falta de atividades físicas.
Existem três principais tipos da diabetes (descritos abaixo), além do um estágio chamado de pré-diabetes ou tolerância diminuída à glicose. O diabetes tipo 2 é o mais prevalente, e corresponde de 90 a 95% de todos os casos da doença no mundo.
O que acontece no corpo quando se tem diabetes tipo 2
Quando uma pessoa se alimenta, o corpo dá início ao processo de digestão, que começa com a transformação dos alimentos em glicose, proteínas e gorduras. A glicose é o grande combustível do corpo humano, mas para que esse combustível possa ser utilizado como energia é preciso que ele seja transportado na corrente sanguínea e depois migre para o interior das células.
Neste momento, entra em ação um hormônio produzido pelo pâncreas (órgão que fica atrás do estômago), chamado insulina. A insulina envia um sinal que “desbloqueia” as células do corpo, permitindo a entrada ou absorção da glicose nas células. No interior das células, a glicose é armazenada ou transformada em energia.
Dessa forma, a insulina é responsável por controlar a quantidade de glicose que circula no sangue, com objetivo de mantê-la em níveis saudáveis para o organismo.
Quando uma pessoa têm diabetes do tipo 2, duas situações distintas ou simultâneas podem ocorrer, resultando em níveis elevados de glicose no sangue:
o corpo têm dificuldade para usar a insulina produzida de forma adequada, e/ou;
o corpo não produz a quantidade suficiente de insulina.
As consequências do excesso de glicose no sangue podem demorar a aparecer, mas, ao longo do tempo, esse acúmulo pode danificar órgãos e vasos sanguíneos, causando doenças cardíacas, renais e necessidade amputações, entre outros riscos.
Além disso, quando os vasos sanguíneos dos olhos são atingidos pelo excesso de glicose no sangue, eles podem se romper e derramar fluido na mácula (uma região da retina). Se essa complicação não for diagnosticada e tratada adequadamente, pode causar sérias complicações na visão, como a retinopatia diabética e o edema macular diabético, e até mesmo levar a cegueira completa e irreversível.
Diabetes tipo 2: uma doença que acomete pessoas cada vez mais jovens
No passado recente, o diabetes tipo 2 estava principalmente associado a pessoas na faixa dos 45 anos ou mais velhas. Entretanto, nas últimas décadas, a doença têm se manifestado cada vez mais em jovens abaixo dos 30 anos, inclusive em crianças e adolescentes.
Estudos indicam que o aparecimento do diabetes nesses grupos está relacionado ao aumento dos índices de obesidade e à falta de atividades físicas regulares, somados ao histórico familiar.
Outros tipos de diabetes
Além do diabetes tipo 2 (descrito acima), existem outros tipos de diabetes, que também consistem em níveis elevados de glicose no sangue, mas que são classificados de acordo com as diferentes causas ou formas com que o diabetes se manifesta. São eles:
Pré-diabetes (ou tolerância diminuída à glicose): o pré-diabetes é na verdade um estágio que antecede o diabetes tipo 2. É quando os níveis de glicose no sangue de uma pessoa já estão elevados, mas não o suficiente para classificá-la com diabetes do tipo 2. Apesar disso, alguns pacientes com pré-diabetes já manifestam os sintomas e até mesmo algumas consequências da doença.
Se este estágio for identificado de forma precoce, com mudanças no estilo de vida e tratamento medicamentosos, é possível baixar os níveis de glicose no sangue e evitar o desenvolvimento da doença. Por isso, é importante que as pessoas com pré-diabetes passem por avaliação médica frequente.
Diabetes tipo 1: é normalmente diagnosticado em crianças, adolescentes e jovens adultos, pois de fato se desenvolve mais cedo. Neste caso, o próprio corpo confunde e ataca células saudáveis do organismo que ficam no pâncreas e são responsáveis pela produção da insulina (chamadas células beta). Por isso, a doença é considerada autoimune, já que parte de um ataque do próprio corpo. Este tipo de diabetes está mais relacionado a fatores genéticos, mas pode haver gatilhos externos que desencadeiem o início da destruição das células beta.
Diabetes gestacional: é um tipo de diabetes que só ocorre em mulheres grávidas, quando hormônios produzidos pela placenta e outros fatores relacionados à gravidez aumentam a resistência das mulheres à insulina. Para que o diabetes seja considerado gestacional (ou seja, referente ao período de gestação) é preciso que a mulher grávida não tenha apresentado altos níveis de açúcar no sangue antes da gravidez.
Assim como no diabetes tipo 2, o excesso de peso antes da gravidez ou adquirido durante a gravidez pode aumentar os riscos do aparecimento do diabetes gestacional. Assim como os demais tipos da doença, o diabetes gestacional precisa ser acompanhado e devidamente tratado, para diminuir os riscos à saúde da futura mamãe e do bebê. Na maioria dos casos, o diabetes naturalmente desaparece após o parto.
Há ainda outros tipos bem menos comuns de diabetes, que resultam de mutações genéticas, retirada ou lesão direta do pâncreas ou ainda exposição a agentes tóxicos, por exemplo.