terça-feira, 11 de setembro de 2018

ANFITEATRO NÃO VAI MAIS ABAIXO E PORÃO CULTURAL SE FIRMA NO CENÁRIO DE MARICÁ


Há cerca de um ano atrás, o BARÃO DE INOHAN com exclusividade, noticiou a demolição do ANFITEATRO de Maricá (construído pelo ex-prefeito Ricardo Queiroz), que na verdade pouquíssimas vezes foi usado como tal, servindo na verdade como uma grande arquibancada dos shows montados na praça ou como ponto de sexo livre e uso de drogas durante a semana e principalmente a noite, com várias apreensões de drogas já feitas pela polícia militar em Maricá, na praça Orlando de Barros Pimentel. As informações foram passadas ao jornalista Pery Salgado, na época, pela secretária de cultura Andréa Cunha.

Mas, parece que resolveram dar uma sobrevida ao anfiteatro, aliás, nem tanto a ele, mas ao porão dela, antiga biblioteca municipal.

O porão virou um espaço democrático, institucionalizado e alternativo que permite que as pessoas se sintam tão livres a ponto de não quererem mais sair de lá. Essa é a definição do “Porão Cultural”, que começou a funcionar no dia 17/09 no anfiteatro da Praça Orlando de Barros Pimentel (Centro) e é administrado pela Secretaria de Cultura.

Funcionando de segunda à sexta-feira entre 10h e 18h, o local tem atraído frequentadores de diferentes idades e classes sociais ao longo de todo o dia, sendo a maioria, jovens. “O astral daqui é completamente diferente, não é como estar em casa. Eu sento para ler, mas sei que posso parar quando quiser e tocar um piano, fazer um desenho, conversar com meus amigos. E de uma maneira muito melhor, por conta disso tudo que a gente tem aqui, das artes que eles fazem e das artes que eu faço”, explicou Lucas Pereira (23 anos), morador de São José do Imbassaí, antes de completar: “Esse espaço estimula, incentiva e permite que as pessoas tenham acesso a diferentes artes sem precisar pagar ou ter uma obrigação por isso. Quem está aqui é porque gosta. Então é fundamental que o Porão exista”, frisou.


Morador do Centro, Lucas Frederico (25 anos) concorda com ele. “Eu gosto muito de pintar e aqui é um lugar legal que você vem com seus amigos e cada um faz uma coisa, aprende com os outros e ensina outras pessoas também. Por isso é legar ficar nesse espaço confraternizando enquanto você faz o que gosta”, pontuou. Aluna da E.M Carlos Magno Legentil de Mattos, Camila Wood (15 anos) também é frequentadora assídua. “Sempre que saio do colégio cedo ou tenho um tempinho, eu venho para cá, com meus amigos ou sozinha, porque eu gosto de desenhar. Também já tentei tocar piano, mas eu não sei, então não deu muito certo”, contou.

Aos 49 anos, Luís Claudio da Silva, do Vale da Figueira, estava no local fazendo um trabalho de recorte e colagem e falou sobre essa arte livre. “Aqui não são artistas plásticos, mas práticos. Isso é muito importante porque desperta a garotada para estar aqui compartilhando experiências com pessoas de mais idade, em vez de ficar caminhando na rua de forma ociosa”, destacou.

Visitando o “Porão” pela primeira vez, Beatriz Cardoso (17 anos), que mora em Jacaroá, admitiu que quando viu a grafitagem sendo feita na fachada, teve vontade de conhecer o local, mas só o fez depois do convite de uma amiga. “Valeu a pena. O espaço é muito bem aproveitado e mostra a arte de pessoas desconhecidas que podem ser admiradas por outras pessoas. Isso ajuda a proporcionar cultura”, destacou.


Segundo a secretária de Cultura, Andrea Cunha, o “Porão Cultural” surgiu por conta da necessidade da população em duas áreas: literária e artes. “Foi o próprio movimento do espaço e das pessoas que fez com que ele acontecesse e a tendência aqui é ampliar cada vez mais, porque o formato do espaço vai se dando pelas necessidades internas e externas. E os talentos não precisam ser ensinados. Eles estão dentro de cada um de nós. Por isso, eu acredito que a cultura é um processo transformador”, explicou.

Representantes de unidades escolares tem entrado em contato com a coordenadora de Artes Plásticas, Tatiana Castelo Branco, que é responsável pelo espaço, para levar seus alunos para participar de atividades diferenciadas no local, visando enriquecer o aprendizado. Profissionais da cidade também têm manifestado o interesse de ter seus trabalhos expostos. Cavaletes, tintas e pincéis, quadros, gibis, jogos de dama, um espaço usado para aula de dança e até um piano levado ao local pelo músico e desenhista Roberto de Moraes dão o tom diferenciado do espaço-galeria aconchegante.

Quem quiser conhecer o local, gratuitamente, pode escolher a proposta que mais lhe convier, seja com cartolina, pincel e tinta, ou direcionada, com a ajuda de profissionais que estão a disposição para ensinar a desenhar, pintar, ensinar as nuances e misturas de cores.

Um curso de contação de histórias começou a ser ministrado, todas às quintas-feiras, das 18h às 20h. Mais informações sobre o Porão Cultural podem ser obtidas na Secretaria de Cultura, que fica na Rua Adelaide de Souza Bezerra, nº 104 - Boa Vista ou pelo telefone 2634-1165.