Muita gente associa sexo tântrico a maratonas intermináveis. Algo só para iniciados, que leva horas e não caberia de jeito nenhum na rotina corrida nossa de todo dia. Mas não é bem assim. Apesar de a pressa não ter lugar nesse tipo de relação, o que a caracteriza mesmo é a busca por aumentar a conexão e a intimidade entre o casal.
– A base do sexo tântrico é o tantra, uma maneira de se relacionar com o mundo. No tantra o corpo é sagrado, é um instrumento para transcendência. Para chegar ao sexo tântrico, é preciso se conectar pelo olhar, pelo cheiro, pela sensibilidade – explica a escritora Carol Teixeira, que escreve sobre sexo há mais de 10 anos e, depois de passar pela capacitação para terapeutas tântricos, agora ministra cursos e palestras sobre o assunto.
A diferença, em resumo, está no durante. Tanto que, como destaca a terapeuta tântrica Lua Menezes, é preciso ficar claro logo de início que o sexo tântrico não segue uma receita simples que termina sempre em orgasmo:
– É importante tirar um pouco o foco do orgasmo e focar na experiência como um todo, capaz de libertar de muitos tabus e traumas. O Tantra é uma grande viagem sensorial, uma viagem de autoconhecimento, a pessoa acaba descobrindo sensações que ela nunca imaginou, e sentindo prazeres até então desconhecidos. O orgasmo não é o objetivo, mas a consequência.
Mesmo assim, há uma justificativa para os orgasmos poderosos alardeados pelos adeptos da prática.
– No sexo ocidental, prestamos muita atenção à performance e a coisas desnecessárias, como beleza, medo de ejaculação precoce, medo de não agradar. Tudo isso desvia nossa atenção e impede que a gente acesse o corpo em sua totalidade. No sexo tântrico, isso não acontece. Você está presente em todos os momentos do ato – diz a terapeuta tântrica Paula Fernanda.
E aí, ficou curiosa? Então, confira as dicas para experimentar o sexo tântrico.
NA PRÁTICA
Confira o passo a passo do sexo tântrico:
RESPIRE EM SINTONIA
Esta é a chave para maioria das técnicas de meditação: ajuda a silenciar a mente e a expandir a sensibilidade do corpo. E também para o sexo tântrico. Respirar junto durante o ato sexual faz com que o casal se sinta ainda mais ligado e íntimo, além de ampliar a capacidade física de sentir, destaca Lua Menezes.
MEXA SEU CORPO
Paula Fernanda afirma que muitas pessoas ficam congeladas durante o sexo, censurando os movimentos corporais. E, quanto menos você se mexe, menos o corpo sente.
Quando o movimento parte da área pélvica, o corpo todo se conecta com as genitais e com o prazer. Por isso, solte o seu corpo e sinta a energia que vem do momento e do corpo do seu parceiro ou parceira.
FALE E ESCUTE
O som é uma das formas de explorar o potencial do prazer porque, explica Paula, acalma o coração e as ondas cerebrais e ativa a energia sexual. Mesmo que timidamente no começo, não tenha medo de colocar para fora o que está sentindo.
EXPLORE O CORPO INTEIRO
Livre-se daquele conhecimento prévio de que determinados lugares são os mais importantes na hora de dar e receber prazer:
– Não existem zonas erógenas, o corpo inteiro é erógeno. É muito limitante ficar sempre estimulando os mesmo lugares – afirma Lua.
Paula propõe um exercício para o casal, chamado de meditação da carícia. Primeiro, um toca suavemente o corpo inteiro do parceiro, e quem recebe mantém o foco nas sensações. Depois, é a vez do outro.
– Isso ajuda a se conectar com o aqui e agora e a aprender que o corpo todo merece e sabe receber atenção e amor – afirma.
OLHOS NOS OLHOS
As terapeutas afirmam que olhar nos olhos de seu par é umas das formas mais potentes de se conectar. Carol Teixeira sugere outro exercício:
– Experimente olhar nos olhos do outro por 10 minutos antes do sexo. Sentem-se frente a frente e simplesmente fiquem se olhando nos olhos. Isso acessa um lugar profundo, acessa a vulnerabilidade do outro.
NÃO TENHA PRESSA
Lembre-se que no tantra você não tem um objetivo definido.
– É tudo tão profundo e prazeroso que o orgasmo deixa de ser o principal. Tire o foco da penetração como se tudo que viesse antes fosse apenas um preâmbulo menos importante – explica Carol.
Sem aquela ansiedade pelo final do sexo, você fica disponível para explorar a relação.
– Curta o corpo, se dê tempo, pelo menos umas duas horas de carícias, fale o que você gosta e quer sem esperar que o outro adivinhe – sugere Paula.
Sobre o tempo: não precisa durar hooooras, mas reserve pelo menos uma a duas.
CONHEÇA VOCÊ MESMA
Quanto mais você conhecer o seu corpo e souber do que gosta, mais chances vai ter de sentir prazer com um parceiro ou uma parceira.
– A masturbação consciente é um exercício importante para despertar essa consciência. Quando a gente aprende a se tocar de formas diferentes e mantém a atenção ao que nosso próprio toque nos causa, mais aprendemos sobre nós mesmas e mais temos a compartilhar – afirma Paula.